Obrigado Twitter!
Há dois dias atrás li um artigo sobre as várias conspirações defendidas por apoiantes de Trump que correm por essa internet fora: QAnon, ao Pizzagate e o Obamagate. Amplamente partilhadas, estas estórias há muito que quebraram a barreira do underground e hoje estão perto de habitar o senado pois, e citando o Público:
há uma semana, o Partido Republicano do Oregon escolheu como candidata oficial às eleições de Novembro Jo Rae Perkins, uma apoiante do Presidente Trump e promotora da teoria da conspiração QAnon.
Estas acusações de conluios, que quase sempre pretendem ferir o partido democrata, não passam de produtos de influência vazia, importados diretamente das cabeças da direita-radical. Apesar de completamente mirabulantes, estas teorias são amplamente partilhadas, beneficiando da velocidade sôfrega da internet, que não combina muito bem com verificação de factos.
Hoje o Twitter decidiu fazer a diferença. Sendo o prinicipal veículo de depósito de acusações por parte de Trump, a rede social deu um importante passo na luta contra as fake news e assinalou o Tweet do Presidente com um link que remete os leitores para informação fidedigna (que contrapõe o habitual delírio do (i)rresponsável máximo dos EUA).
Como seria de esperar, Trump apressou-se a tentar virar o jogo, acusando a rede social de querer interferir nas próximas eleições presidenciais, de violar a liberdade de expressão, entre outras coisas. De facto, desde que o Tweet foi sinalizado, Mr.President escreveu mais de cinquenta novos posts - sendo que todos eles são partilhados e comentados à velocidade da luz. A Fox, sendo fiel a si mesma, aborda o assunto de outra forma e afirma que o Twitter inventou regras separadas para o Presidente, o que fez cair as suas ações na bolsa.
Pessoalmente - e por tudo isto - aplaudo a atitude do Twitter, pelo facto de ser há bastante tempo o canal de eleição de Trump para evitar a mediação da imprensa. Esta atitude pode ser um relevante pontapé de saída no combate à desinformação - apesar de não se conseguir ainda perceber se a abordagem é a mais correta, pois impõe-se sempre o complexo debate da liberdade de expressão.
Não querendo, no entanto, discutir essa vertente, penso que a grande questão que se coloca agora é: poderá esta atitude do Twitter ter efeitos significativos?
Chris Cillizza, editor na CNN, acha que não:
Eu concordo, mas apenas em parte. É óbvio que nao será a partir daqui que a batalha fica ganha - até porque Trump irá concerteza insistir na retaliação - mas mais importante do que conseguir ou não atestar a veracidade dos posts de Trump, o Twitter conseguiu pelo menos que a atitude ficasse registada como possível. Mostrou que as redes sociais não têm de ser meros meios inertes, podendo ter um papel ativo no combate aos conteúdos falsos que disseminam. Não é uma vitória, mas pode perfeitamente ser o primeiro tiro de canhão.