Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

IN.SO.LEN.TE

Mas que m**** é esta???

Profundo choque. Horror. Arrepios. Medo. Muito medo.

A cena que vimos acontecer ontem em Washington é de tal forma surreal que me falta vocabulário para descrevê-la adequadamente. Sempre soube que Trump não iria aceitar nunca uma derrota de ânimo leve, mas a invasão do Capitólio atinge um novo nível de loucura e fanatismo.

Como é isto possível? Como é que uma democracia consolidada como a dos EUA pode ver-se imersa neste caos??? Será isto o pior que pode acontecer? Ou vamos ver-nos forçados encarar a desordem como norma daqui para a frente?

capitolio2754c034defaultlarge_1024.jpg

Foto: Jim Lo Scalzo/EPA

A invasão do Capitólio por apoiantes de Trump é uma tentativa perversa de fazer jus ao ego de um presidente derrotado que recusa assumir a sua condição. Os fanáticos sentiram-se de tal forma validados na sua "fé" que esbardalharam tudo quanto puderam dentro do edifício, numa manifestação obscena de desrespeito pelas instituções democráticas. 

Desde de quando isto passou a ser aceitável? Desde quando a verdade se resume ao que Trump quer que seja?

Trump anda há meses a recusar aquilo que é o resultado de um processo democrático, derruba quem quer que seja que o contrarie, queria anular votos, perdeu todos os processos em tribunal relativos à eleição, chegou a pedir por telefone que o número de votos a seu favor fosse adulterado na Geórgia e agora impulsiona um golpe de estado que consegue suspender a certificação do resultado.

Qual é, afinal, o limite? 

Mesmo após uma pessoa ser baleada dentro do congresso (!!!) Trump demora horas a reagir à violência, e quando o faz teima em não reconhecer a derrota. Não há palavras... simplesmente não há...

merlin_182045205_bf2842dc-b0a9-4215-876c-612302abc

Foto: Pete Marovich/The New York Times

Mas o quadro torna-se mais macabro, se pensarmos que o esboço foi delineado por grupos extremistas nas redes sociais:

Bolstered by Mr. Trump, who has courted fringe movements like QAnon and the Proud Boys, groups have openly organized on social media networks and recruited others to their cause.

The New York Times 

Tal como descrito no jornal acima citado parece que acabou o mito de que o mundo digital e o real se mantêm isolados. As fronteiras esfumaram-se e o discurso de ódio já não está preso aos teclados. As repercussões do extremismo online são preocupantes e devemos começar a encará-las com a seriedade que exigem.

E não se pense que este tipo de cenário está apenas lá longe, no outro lado do Atlântico.

Estamos em período de pré-campanha eleitoral e temos um "mini-Trump" como candidato a presidente que tem sido mestre na capitalização do mediatismo. Basta um olhar mais atento entre debates para notar um fervor crescente no seu ego. Cada vez mais insiste na sua importância política, tentando injetar a ideia de que será impossível ter um resultado fraco nas urnas.

Não me parece de todo impossível - tendo em conta o desenrolar de retóricas - que AV termine as eleições a instalar a dúvida sobre os resultados...

Cabe a nós, cidadãos, estar atentos. A democracia é nossa para proteger. Não podemos deixar que tomem o nosso "Capitólio".

 

10 comentários

Comentar post

Mais visitados

Pensamento do dia

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Sobre mim

Sofia Craveiro. Jornalista por obra do acaso. Leitora e cronista nas horas vagas.

Redes Sociais

Mensagens

E livros?

Em destaque no SAPO Blogs
pub