Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

IN.SO.LEN.TE

Floyd: a crise feita à medida de Trump

George Floyd foi a gota de água que fez transbordar os Estados Unidos da América.

O chocante caso de violência policial racista - que pode ser analisado ao detalhe nesta investigação do New York Times - mostra o assassínio de um cidadão afro-americano por um sádico polícia branco em pela luz do dia. O caso acendeu o rastilho da revolta social e será determinante para a reeleição de Trump. Manifestantes saíram à rua em defesa da justiça por Floyd, mas a escalada de violência tem sido de tal ordem que serve apenas como pretexto para mais repressão policial. 

JHOQTJWNMOHGXF3SMV5RIVVNQA.jpg

Minneapolis, na sexta-feira. Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

 

carros da polícia a investir contra multidões, jornalistas presos em direto, polícias atropelados, lojas pilhadas e cidades a arder. Frente a isto o líder da nação, barrica-se na Casa Branca, insiste na política dos tweets e ataca governadores, incitando-os a prender pessoas

“You had the first part which was weak and pathetic, and you had the second part which was domination.”

Este era o grande trunfo que faltava para a reeleição de Trump: um país profundamente polarizado, que se divide entre injustiçados enraivecidos - que incendeiam as ruas e pilham lojas, e por isso tornam-se um alvo a abater - e a supostamente necessária "law and order" que Donald Trump agora capitaliza até à exaustão. É uma distração fantástica para a hecatombe pandémica com que o presidente não soube lidar (e cujas consequências sociais e económicas muito contribuíram para a atual revolta). Após ter derrapado estrondosamente na gestão da covid-19 Mr.President espera agora surgir como salvador da pátria branca, capaz de tranquilizar os extremistas que se afrontam com protestos dos "forasteiros" que tanto detestam.

Ao invés de apelar à pacificação Trump aviva o ódio e perpetua a continuidade do caos. Convém-lhe que as insurgências continuem, para que possa surgir nos debates eleitoriais com o argumento de que os manifestantes são selvagens e têm de controlados. As pessoas cujas lojas foram pilhadas, os bairros aterrorizados e familiares violentados nos protestos vão levá-lo à vitória. A escalada de violência vai agora servir de pretexto nacionalista e não poderá ter outro resultado que não um racismo ainda mais exacerbado.

Diz-se que os grandes líderes vêm-se nas crises, e esta crise em particular foi feita à medida a Trump. Daqui ele saírá fortalecido e apresentar-se-á como o messias - como aliás já está a fazer -  cujas repressões serão decisivas para o país.


when the looting starts, the shooting starts

...

 

 

2 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 16.06.2020

    O Klu. Klux. Klan, pode ressurgir a qualquer momento e com mais violência. A raça negra, deu um enorme contributo para elevar a América a potência mundial mas, devem perceber qual o lugar que ocupam nesse país. Não acredito, que um policia, mate um negro só pela cor da sua pele. Já os do Klan,acredito! Os do politicamente correcto, ainda não perceberam que se a extrema direita avança com toda a pujança, se deve à incuria dessa esquerdalha, que acabará comida pelos lobos da extrema direita! Só um cego não vê isso! Parem enquanto é tempo!
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.

    Mais visitados

    Pensamento do dia

    Subscrever por e-mail

    A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

    Sobre mim

    Sofia Craveiro. Jornalista por obra do acaso. Leitora e cronista nas horas vagas.

    Redes Sociais

    Mensagens

    E livros?

    Em destaque no SAPO Blogs
    pub